A decisão que mudou a história do rock

Em 1970, o mundo assistiu, atônito, ao fim dos Beatles — a banda mais influente da música moderna. Entre os boatos e teorias, uma verdade se impôs: John Lennon decidiu sair do grupo antes mesmo do anúncio oficial da separação. Mas por que ele fez isso?

A resposta envolve conflitos pessoais, mudanças criativas, pressões da fama e uma vontade crescente de liberdade. Neste artigo, você vai entender os bastidores dessa decisão histórica — e o que realmente motivou Lennon a deixar os Beatles.

1. A transformação de John Lennon: do Beatle ao ativista

No fim dos anos 60, John Lennon não era mais o mesmo jovem de Liverpool que encantou o mundo com “Love Me Do”. Ele mergulhava cada vez mais em causas políticas, experimentações artísticas e questões existenciais. O encontro com Yoko Ono foi um marco nesse processo.

Juntos, eles formaram um casal provocador e engajado, usando a arte como ferramenta de paz e protesto. John queria falar sobre guerra, liberdade e espiritualidade — temas que nem sempre cabiam dentro dos Beatles.

2. Conflitos criativos dentro da banda

Enquanto Paul McCartney assumia o controle criativo de muitos projetos, Lennon se sentia cada vez mais deslocado. Ele queria experimentar, improvisar, arriscar — e nem sempre encontrava abertura no grupo para isso.

Durante as gravações do álbum Let It Be, os atritos ficaram mais visíveis. Lennon já não escondia o desinteresse pelo processo. A química entre os quatro estava se desgastando, e as reuniões de estúdio viraram momentos de tensão.

3. A presença de Yoko Ono: vilã ou bode expiatório?

Muitos fãs e veículos da época culparam Yoko Ono pela separação. Mas a verdade é mais complexa. Yoko não acabou com os Beatles, mas esteve ao lado de John em um momento em que ele já se sentia cansado do grupo. Ela ofereceu um espaço de liberdade criativa e afetiva que ele já não encontrava na banda.

John, aliás, sempre defendeu essa proximidade como algo natural. Ele queria viver sua arte em casal — algo incomum no ambiente dos Beatles, onde a regra implícita era manter a vida pessoal separada da banda.

4. Lennon já havia tomado sua decisão antes do anúncio oficial

Em setembro de 1969, durante uma reunião com os outros membros, John Lennon anunciou que estava saindo dos Beatles. Por razões comerciais e contratuais, esse rompimento não foi revelado imediatamente ao público.

Só meses depois, em 1970, foi Paul McCartney quem tornou a separação pública. Isso criou a impressão de que ele teria tomado a iniciativa — o que, de fato, já havia sido feito por Lennon meses antes.

5. O desejo de seguir carreira solo

John queria se reinventar como artista solo, sem amarras ou expectativas. Já havia lançado projetos paralelos com Yoko, e em 1970 lançou John Lennon/Plastic Ono Band, um álbum cru, íntimo e emocionalmente forte.

Ele buscava uma voz autêntica e livre, algo que os Beatles, naquela fase, não conseguiam mais oferecer. Para Lennon, sair da banda foi uma forma de voltar a ser verdadeiro consigo mesmo.

Conclusão: A saída de Lennon foi libertação, não traição

John Lennon não “abandonou” os Beatles. Ele apenas decidiu seguir um novo caminho, em sintonia com sua transformação pessoal e artística. A saída foi dolorosa, mas necessária.

Seu gesto não apagou sua contribuição à maior banda de todos os tempos. Pelo contrário: reafirmou sua coragem de ser fiel a si mesmo, mesmo diante do peso da fama.